A inativação de micro-organismos patogênicos presentes em esgotos sanitários e efluentes tratados é o ponto de partida quando se almeja empregar águas residuárias como alternativas de reuso em processos industriais, na alimentação de aquíferos ou ainda na recarga de microbacias hidrográficas. Seja por meios químicos ou físicos, a desinfecção é a única forma de garantir a segurança de uma água de reuso e das pessoas que dela farão uso.
Uma situação preocupante, segundo o professor do Departamento de Engenharia de Materiais da PUC-RJ, Luiz Alberto Cesar Teixeira, é o fato de não existir no país uma lei específica que obrigue a desinfecção de esgotos sanitários e efluentes industriais.
A Resolução Comana nº 357/2005, que estabelece as classes de água segundo seus usos preponderantes e respectivos padrões de qualidade, aborda o assunto trazendo a definição do termo desinfecção como “remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos”. Além disso, estabelece limites para a contagem de coliformes termotolerantes ou E. coli em águas de classe 1 a 3, destinadas ao abastecimento para consumo humano, recreação e irrigação. Mesmo a Resolução Comana nº 430/2011, que complementa e altera parcialmente a Resolução nº 357/2005 e estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, não introduziu novidades em relação ao tema. “Sem a obrigatoriedade da desinfecção, um determinado manancial que recebe o lançamento de esgotos também será fonte de captação de alguma ETA, e caso esteja contaminado por agentes patógenos, cria-se uma situação extremamente preocupante”, diz. Por enquanto, a obrigação para limitar a contaminação por micro-organismos nas águas e consequente necessidade de desinfecção dos esgotos fica restrita aos corpos receptores conforme a Resolução nº 357.
Na avaliação do pesquisador do Instituto de Química da Unicamp, de Campinas, SP, Wilson Jardim, uma das grandes vantagens de tornar os mananciais isentos de micro-organismos, patogênicos seria tirar das ETAs a sobrecarga do tratamento, hoje mais empenho em transformar mananciais contaminados e poluídos e água potável.
O mercado está repleto de opções para desinfecção, desde aquelas que exigem equipamentos in situ como o ozônio (O3), dióxido de cloro (CIO2) e radiação ultravioleta (UV), até as que têm ação direta como desinfetante, como o cloro, hipoclorito de sódio (NaCIO), peróxido de hidrogênio (H2O2), foto-fenton modificado (empregando fontes alternativas de ferro) e o ácido peracético (HC2H3O3).
Roseli Bisterso, Revista Hydro
Edição Novembro 2013