Em 2016, Jaborandi, município do oeste baiano, vai ganhar um laticínio que será o maior do país. Com um investimento de quase R$ 10 bilhões, a projeção é que gere 7 mil empregos diretos.
A Agri Brasil, dona do empreendimento, pretende produzir na área um milhão de litros de leite por dia, retirados de 200 mil vacas de alta produtividade, que serão importadas dos Estados Unidos. Parte dessa produção vai ser exportada para a China, mas também será vendida no mercado interno. O Brasil tem déficit nessa produção e importa US$ 500 milhões em leite por ano.
Na semana passada, dois dos sócios, o goiano Antônio Martins e o holandês Kees Koolen – outro holandês, Willy van Bakel, também integra a sociedade -, reuniram-se com o secretário de Agricultura, Paulo Câmera.
Koolen e van Bakel tem vasta experiência com leite. Esse último já desenvolveu mais de 50 fazendas produtoras nos EUA, mas de menor porte. Eles pretendem implantar o modelo holandês de produção na Bahia.
“Isso vai alterar significativamente todas as relações econômicas da região, e trará para o estado novas tecnologias”, disse o secretário. Ele ainda destacou o potencial para dobrar a participação do oeste no PIB estadual, hoje de 1,5%.
Prefeito de Jaborandi, Assuero Alves acredita que a iniciativa pode aumentar a produtividade. “O Brasil tem uma das piores do mundo, apesar do rebanho grande. O projeto pode nos trazer uma melhoria genética. Lá na frente, alguns desses animais podem ser vendidos para outros produtores”.
O governo do estado deve dar à empresa os incentivos fiscais do programa Desenvolve. Também se comprometeu a ligar a BR-349 com o empreendimento.
A área do projeto é de 40 mil hectares, que serão divididos em quatro fazendas e um núcleo processador, produtor de leite em pó. Cada fazenda será um investimento de R$ 2,4 bilhões. Martins diz que a intenção é que os sócios entrem com 20% do capital e o restante venha de financiamentos e investidores.
Condições naturais
Com menos de dez mil habitantes, Jaborandi conseguiu desbancar concorrentes de peso, também interessados na empresa. O município levou a melhor pela sua topografia, clima, disponibilidade de terra e de água. “Não achamos nenhum lugar que reúna as condições da Bahia”, diz Martins.
Jaborandi possui, há 13 anos, o laticínio Leitíssimo. “Mas ele tem uma produção mais rústica, o gado se alimenta do pasto”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindileite Bahia), Paulo Cintra.
Na Agri Brasil, os grãos que alimentarão o gado, em confinamento, virão das fazendas. Todo o processo até a industrialização, aliás, ocorrerá integrado, facilitando a logística. O projeto também será eficiente no uso dos recursos. A água vai ser reutilizada e a energia, produzida com biomassa.
Cintra acredita que a experiência vai ser agregadora para a região. “Além de aprendizado para outros produtores, poderá atrair novos laticínios e transportadores, por exemplo”.
Fonte: a tarde.uol – Juliana Brito